quarta-feira, 6 de agosto de 2014

Cartões de Leitura, cadê você, meu fio?

Ando a estudar para alguns exames. A quantidade de matéria é extensa e por vezes torna-se cansativo, ler a Constituição da República Portuguesa, ou então estudar estatística ao mesmo tempo que o meu filho está a ver o H2O, Jersie, ou O meu cão tem um blog (se não sabe do que se trata, é porque certamente não tem um filho entre os 5 e 9 anos, ou então não tem o Disney Channel em casa).
E por causa deste ambiente acolhedor, que faria desconcentrar até o Dalai Lama, lembrei-me de um método de estudo que o meu pai e meus irmãos mais velhos me ensinaram: as maravilhosas ficha de leitura
Bem, se você não faz a mínima ideia do que se trata, das duas uma: ou nasceu na década de 90 para frente, ou então no seu país tem um nome diferente.
E depois de lembrar, deste maravilhoso método de estudo (sim , funciona mesmo. Funcionou comigo durante muitos anos), decidi ir à procura dos 'cartões' mágicos, para fazer as minhas fichas de leituras.
Muito bem, como o mais simples dos mortais, o primeiro lugar onde fui, em busca do milagroso cartão, foi a loja do chinês, mesmo na esquina da minha casa. O pior não foi não encontrar o que eu queria, o pior foi explicar do que se tratava:
- Cartões de leitura.
-Catões de leitula?
- Sim, metade disto (com um pedaço de cartolina nas mãos) com linhas para escrever (apontando freneticamente para um caderno pautado).
- Sim, sim. Cadelno.
- Não, não é um caderno, são folhas soltas.
- Folhas ( e o senhor com um maço de folhas de ofício A4).
- Não, não é isso.
- Então não existe aqui. Aqui não tem este.
- Obrigada.
Saí um pouquinho exausta da loja, confesso. Mas fui rumo a uma papelaria, de uma senhora idosa. Ela olhou triste para mim e disse: 
- Há muito tempo não tenho e nem vendo isto. As pessoas já não sabem estudar. Vão ao Google.
-Ah! que pena. Mas obrigada na mesma.
Mas a procissão em busca do papelinho não parou. Fui à Vila de Oeiras e surpresa das surpresas, encontrei algumas na Livraria Gatafunho, a senhora de lá surgiu com aquilo, como  se tratasse de ouro (aos meus olhos). Até fiquei emocionada. A simpática senhora com sotaque castelhano, dispensou-me meia dúzia deles e vim eu, toda feliz para casa.
Pensei: Caramba, meu! Estou velha. Isto são cartões de 1900 e lá vai fumaça. E eu estou tão feliz por encontrá-los, até parece o meu pai a ouvir discos de vinil.
Bem, pelo caminho lembrei de mais uma papelaria. Antiga também. O senhor disse que tinha, e mais uma vez a emoção foi tanto que até era capaz de lhe dar um beijinho. Era, porque como é óbvio não o dei.
Três euros e sessenta bem gastos. 
E eu a pensar, nem o Sr. Google e toda a sua oferta de resumos de obras e assuntos me seduziu tanto.
E viva aos cartões de leitura. Se quer aprender como se faz uma boa ficha de leitura, clica aqui, tem ótimas dicas.


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